Feitas as contas e olhando para o essencial, nada mudou no panorama autárquico do concelho de Mafra. O PSD mantém-se indiscutivelmente como a força hegemónica do concelho, com maiorias absolutas em todos os órgãos autárquicos, vendo as suas políticas ratificadas pela maioria absoluta dos cidadãos que foram ontem às urnas.
Votaram ontem para a Câmara Municipal 52,02% dos eleitores, contra os 52,14% que foram às urnas em 2017. O aumento da abstenção foi residual, o mesmo tendo sucedido nas votações para a Assembleia Municipal. Dos 67.936 munícipes com capacidade de voto, 32.610 ficaram indiferentes, ou como se diz em bom português “pagam e não bufam”, mas pelo menos em Mafra, desta vez foram mais os cidadãos que foram às urnas, do que aqueles a quem a vida ou a própria política, afastaram da escolha dos seus representantes no governo do concelho.
Para além das maiorias absolutas conseguidas, a estabilidade da abstenção em Mafra foi mais um facto de legitimação da maioria do PSD. A nível nacional a taxa de votantes cifrou-se nos 53,68%, ligeiramente acima dos valores verificados em Mafra.
Nas votações para a Câmara Municipal, em relação a 2017, o PSD cresce dos 18.738 votos para os 20.295 votos, se conciliarmos isto com a estabilização da abstenção no concelho e com a concorrência de dois novos partidos de direita, então, a eficácia eleitoral do PSD Mafra foi verdadeiramente excecional
O PS, sendo o 2.º partido mais votado no concelho, esta força política sofreu mais uma pesada derrota, desde logo, porque perde influência real. O PS perdeu a única Junta de Freguesia que dominava, o único órgão autárquico onde podia, em maioria, mostrar a sua forma de governar e diferenciar-se. Na câmara municipal, embora mantenha os seus 2 vereadores, a sua influência eleitoral passou dos 23,15% de 2017, ano em que já caíra eleitoralmente, para os 18,91% em 2021, representando menos 953 votos. Na assembleia municipal, o PS perdeu 900 votos e 2 deputados municipais.
O Chega é claramente o segundo partido vencedor nestas eleições autárquicas no concelho de Mafra. Concorrendo pela primeira vez firma-se na 3.ª posição, logo atrás do PSD e do PS, com percentagens de monta, entre os 6% e os 7%.
O PAN sai destas eleições com um pequeno reforço de votos, embora não tenha conseguido aumentar a sua representação na assembleia municipal. Para a câmara municipal obteve 3,09% dos votos, contra os 3,13% conseguidos em 2017 conseguindo mais 57 votos. Para a assembleia municipal obteve mais 146 votos, relativamente aos resultados obtidos em 2017.
O Iniciativa Liberal, embora só se tenha candidatado à Câmara e à Assembleia Municipal, está também do lado dos vencedores, pois embora apenas tenha obtido 2,62% (927 votos) na câmara municipal e 3,31% (1.168 votos) dos votos na assembleia municipal, consegue eleger um deputado para este órgão autárquico.
A CDU perdeu 407 votos para a câmara municipal e 461 votos para a assembleia municipal, perdendo também um dos seus deputados municipais, ficando a sua representação reduzida a 1 deputado, constituindo-se assim, como um dos perdedores da noite eleitoral.
O BE perdeu 335 votos para a câmara municipal e 379 votos para a assembleia municipal, mantendo o seu deputado municipal, que se espera possamos ver a participar dos trabalhos, algo que não aconteceu no período autárquico anterior, já que o deputado eleito pelo Bloco de Esquerda só participou num número muito reduzido de sessões deste órgão autárquico. O BE é um dos perdedores da noite eleitoral.
O CDS-PP sofreu a erosão provocada pelo crescimento do PSD e pelo surgimento de dois novos partidos da ala direitas do espetro partidário. Nesta eleição, o CDS-PP ficou-se pelos 493 votos para assembleia municipal e pelos 354 votos para a câmara municipal, mantendo-se sem representação na assembleia.
Câmara Municipal de Mafra | |
Assembleia Municipal de Mafra | |
Na câmara municipal mantêm-se as mesmas forças políticas e a mesma relação de forças, o PSD terá o presidente e mais 6 vereadores e o PS manterá os seus 2 vereadores.
Na assembleia municipal, as novidades passam pela redução da representatividade do PS, que perde 2 deputados, e da CDU, que perde 1 deputado. O PAN mantém o seu deputado e a entrada do Chega com 2 deputados é uma novidade de monta e a entrada do Iniciativa Liberal com 1 deputado também altera o xadrez habitual da assembleia municipal de Mafra.
A dúvida é agora a seguinte, continuará a assembleia municipal a ser um lugar onde o debate pouco ou nada se faz, ou a entrada de novas forças políticas, de novos líderes, de novas personagens poderá políticas e de novas visões ideológicas poderá, pelo menos, tornar a assembleia num lugar vivo onde se produzem e discutem ideias?
“The show must go on“, lá diziam os Queen e com toda a razão.
Nota da redação: analisam-se aqui os dados referentes à câmara municipal e à assembleia municipal.
Artigo atualizado a 27-09-21 às 15:14